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domingo, 19 de fevereiro de 2012

A Batalha de Seattle (Battle in Seattle, 2007)




A Batalha de Seattle (Battle in Seattle, 2007) é um filme obrigatório (nem tanto...) para estudantes de relações internacionais e para todos aqueles que se interessam em saber um pouco mais sobre protestos sociais e as organizações internacionais que governam o mundo. Não que o filme tenha essa função didática, pois ele não tem; mas ajuda a compreender um pouco o funcionamento de tudo isso.


O filme é uma ficcionalização dos confrontos ocorridos em Seattle em 1999, por ocasião da conferência ministerial da Organização Mundial do Comércio (OMC) na cidade, ao longo de três dias, para lançar uma nova rodada de negociações, a Rodada do Milênio. Entretanto, a conferência foi mal organizada, com pouco ou nenhum acordo entre os países acerca da agenda da conferência ou sobre a tratativa do principal tema, a agricultura, largamente dominada pelas opiniões dos Estados Unidos e da União Europeia.


Para completar, protestos civis eclodiram e, mediante a repressão policial e dissidências internas ao movimento, acabaram por se tornar violentos duraram alguns dias e marcaram a conferência como um todo. A falta de qualquer acordo e a retomada das negociações apenas dois anos depois, em Doha (levando esta a ser conhecida como a famigerada Rodada Doha da Organização Mundial do Comércio), com fortes medidas para o impedimento de protestos públicos e novas concessões por parte dos países desenvolvidos para incluir - e satisfazer, pelo menos parcialmente - os países em desenvolvimento.


O filme conta o pano de fundo, mostrando a organização do movimento, as táticas utilizadas para encerrar precocemente a reunião de 1999 e as próprias dissidências internas ao movimento, com indivíduos que preferiam recorrer a métodos violentos enquanto as lideranças insistiam no caráter pacífico dos protestos.

O fato é que os eventos narrados no filme geraram uma nova forma de organização de eventos desse porte, com medidas de segurança mais ostensivas e medidas de controle mais fechado, modificando toda a forma como esses protestos passam a ser executados - e repreendidos. Vários exemplos são citados ao final do filme, inclusive.

Lestat só tem um, mas você
pode ser um bom diretor, sim!
Antes que me crucifiquem, não contei nenhum spoiler, apenas relatei fatos históricos, de forma bem resumida, dentro do qual se situa o filme. Sobre o filme em si, bem... é um filme no estilo de Contágio, Simplesmente Amor, Crash e tantos outros desses nos quais você tem uma grande quantidade de personagens, cada uma com um papel específico a desempenhar ou com a sua própria história, dentro da grande história do filme, a ser contada. Conta com atores bem conhecidos - Charlize Theron, Woody Harrelson, Chaning Tatum, André Benjamin (sim, do Outkast), Ray Liotta, Jennifer Carpenter (já aproveitando o sucesso da, à época, recém iniciada série Dexter), Michelle Rodriguez e Martin Henderson - todos em atuações medianas (salvo por Theron, com pequena, mas intensa participação e Harrelson, sempre ótimo). Entretanto, pra mim, a surpresa mesmo foi a direção: não sabia que Stuart Townsend, o Lestat de A Rainha dos Condenados, roteirizava e dirigia filmes. Debutou bem.

Os aspectos negativos ficam por conta das atuações: ninguém, exceto Theron e Harrelson, parece se esforçar muito. Da mesma forma, o filme poderia ser melhor contextualizado. A narração no início estabelecendo o cenário e as imagens e comentários ao final do filme, sobre protestos posteriores, dão um tom um tanto quanto panfletário ao filme... daqueles filmes nos quais você vê que o diretor quer mesmo é defender uma ideia. Não há nada de errado nisso, só não me apetece muito porque acaba sendo sempre uma versão da história. Prefiro sempre as histórias contadas em múltiplas versões/visões... daquelas que permitem ao espectador tirar as suas próprias conclusões. Enfim, que permitem ao espectador PENSAR, e não apenas engolir o que está ali na tela.

Nota: 3 (de 5).

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