O filme, dirigido por Steven Soderbergh e com elenco (bem) estrelado, ressuscita o pânico que volta e meia atinge os nossos noticiários: uma epidemia, causada por um vírus desconhecido, rápido e letal, contra o qual se demore a produzir uma vacina e que seja responsável por um número tão grande de mortos que fica difícil contar.
Lembro que a primeira vez que realmente despertei pra isso foi ao assistir O Jardineiro Fiel (The Constant Gardener, 2005), dirigido por Fernando Meirelles e protagonizado por Ralph Fiennes e Rachel Weisz. Nele a trama gira em torno - olha o spoiler, pra quem ainda não viu... - de testes secretos de vacinas contra a tuberculose em populações pobres e ignorantes da África. Depois do filme, conversando com uma amiga médica sobre isso, foi que passei a entender o porquê de tanta preocupação com as gripes - aviária, suína e etc - e o pânico em torno disso tudo.
Contágio é justamente o ápice disso tudo. Um novo vírus surge, como de praxe, de maneira repentina, e o filme vai mostrando, contando os dias e com close-ups fenomenais que colaboram para a compreensão de como se dá o contágio e eventual difusão do vírus. O filme já começa no Dia 2, com uma personagem mostrando os primeiros sinais de contaminação. O resultado é rápido e antes dos dez primeiros minutos de filme terem terminado ela já partiu desta para a melhor.
O filme segue mostrando como, reféns da globalização e todas as facilitações advindas com ela, principalmente a velocidade dos transportes, um vírus dessas proporções pode rapidamente adquirir proporções globais, dificultando a sua contenção e a descoberta do seu paciente zero - este último elemento não é indispensável, mas de extrema utilidade, segundo entendi pelo filme.
O elenco contribui muito para a sensação de pânico e com excelentes atuações. Não poderia ser diferente, em um filme que conta com Laurence Fishburne, Matt Damon, Jude Law, Marion Cotillard e Kate Winslet. Ok, alguém pode perguntar: e Gwyneth Paltrow? Afinal de contas, ela está no trailer e no pôster do filme, ali em cima. Ela não é das minhas atrizes preferidas. Nunca foi. Em Contágio é diferente e me sinto na obrigação de dizer que me surpreendi com ela, apesar do pouco tempo de tela.
O roteiro do filme não tem nada de original, mas a história é bem resolvida e se desenvolve bem; tem timing; não tem excessos; sem personagens por demais caricatos (alguns podem discordar...); sem exibições exageradas de cadáveres pelas ruas ou de processos extremos causados pelo vírus (como em Epidemia, com Dustin Hoffmann, Morgan Freeman e Rene Russo). O que me chamou mais a atenção foi como a história foi contada sem grandes heróis nem grandes vilões, mostrando diferentes perspectivas: nós vemos o vírus surgir e se alastrar pelos olhos, simultaneamente, de agentes governamentais, no caso a Organização Mundial de Saúde e o Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos, de homens comuns e da mídia, representada por um blogueiro independente.
Vale a pena conferir. E se preocupar mais com a higiene pessoal.
Nota: 4 (de 5).