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domingo, 18 de dezembro de 2011

Contra o Tempo (Source Code, 2011).


Soldado se submete a experimento militar para tentar entender o que aconteceu em um atentado terrorista, com o objetivo de evitar um atentado pior, a ser executado pela mesma pessoa. No experimento, ele revive os últimos oito minutos de vida de uma das pessoas mortas no atentado. Ele não pode alterar o que aconteceu, apenas entender o que se passou, reunir informações e repassá-la ao seu comando militar.

A história é basicamente essa. Como diversão, o filme é bom; tem ação, roteiro envolvente, cria um certo suspense até o espectador descobrir o que é que está rolando na história e tem boas atuações. Sou suspeito pra falar: sou fã de Jake Gyllenhaal (excelente ator, acompanho desde O Segredo de Brokeback Mountain, Donnie Darko, Soldado Desconhecido e o péssimo Príncipe da Pérsia) e de Michelle Monaghan (ela, mais pela beleza do que pela atuação, é fato).

Não vou repetir meus comentários de outro filme, a não ser o fato de que filmes de ficção científica bem feitos têm que possuir uma boa lógica interna e respeitar a sua própria lógica. Se ele estabelece os parâmetros que ele mesmo não segue sem uma razão plausível, o filme perde sua coerência. Na mesma crítica mencionada, o resultado, pra mim, é o mesmo: o filme é boa diversão, mas não empolga aos amantes da boa ficção científica. Vale para uma tarde despretensiosa em frente à televisão.

Nota: 3 (de 5).

No Limite da Mentira (The Debt, 2010).


"Filme de caçada nazista". Foi assim que eu ouvi falar pela primeira vez do filme. Alerto aqueles que, como eu, não se empolgaram com essa classificação generalista e já repetitiva, que o filme é muito mais do que isso.

Além de contar com um elenco estrelado em excelentes atuações, o filme tem um roteiro original (ou não, já que é o remake de um filme israelense...) e com umas poucas reviravoltas. É difícil falar da história do filme sem contar muito dele, mas vamos lá.

O filme conta a tal caçada nazista em dois momentos diferentes. O primeiro período, na década de 1960, mostra três agentes do Mossad infiltrando-se na Alemanha em busca de um médico acusado de conduzir experimentos em judeus durante a II Guerra Mundial.


O segundo período, pelo qual o filme inicia, se passa em 1997, quando a filha de dois daqueles agentes (vividos por Helen Mirren e Tom Wilkinson) está lançando um livro contando a história da caçada a Dieter Vogel, agora vivendo como "Doktor Bernhardt", o tal médico.


Daí segue a trama, envolvendo erros cometidos no passado e a tormenta vivida por David Peretz (Sam Worthington, nos anos 1960, Ciarán Hinds, em 1997), além do destino de Vogel (Jesper Christensen) o médico morto em um esforço heróico de Rachel Singer (Jessica Chastain e Helen Mirren, nos anos 1960 e 1997).


A trama é envolvente, inteligente e tem suspense na medida certa. O ritmo do filme, a fotografia e a trilha sonora estão bem adequadas ao filme, permitindo que o espectador "entre" no filme. A intriga sempre presente e a atuação dos personagens secundários também colaboram para o bom desenvolvimento da película.

Os pontos negativos? Ninguém me convence de que Sam Worthington é um bom ator e o filme, apesar dos aspectos inovadores em relação aos demais filmes do gênero, ainda deixa aquela sensação de que já vimos isso em algum lugar...

Nota: 4 (de 5).

sábado, 17 de dezembro de 2011

Os Especialistas (The Killer Elite, 2011).


Filme de ação com boa história, sem grandes surpresas e com os astros de ação atuais: Dominic Purcell, Clive Owen e o quase onipresente Jason Statham. Ah, e tem Robert De Niro... é que ele aparece tão pouco que não entendi muito bem a razão dele estar no pôster de divulgação do filme. Mas vamos a ele.

O filme se passa na década de 1980, como a legenda no início deixa claro. A crise econômica coloca o mundo em caos, abre espaço para equipes de operações secretas (ou especiais, para ser mais técnico), assassinatos seletivos e conspirações. Os personagens principais, os especialistas do título, são assassinos profissionais atuando sob contratos milionários. O filme começa mesmo quando um deles, Hunter (Robert De Niro), é capturado e Danny Brice (Jason Statham) resolve terminar o serviço para salvá-lo. O serviço envolve assassinar três ex-operativos da SAS, as forças especiais britânicas. No meio do caminho está Spike Logan (por que nos filmes esses caras sempre têm os nomes mais legais?), interpretado por Clive Owen, como um ex-SAS que trabalhar para uma organização secreta e não governamental, os Feathermen, que assumiu a responsabilidade de proteger ex-oficiais da SAS de vinganças e execuções.

O filme é basicamente isso: o velho jogo de gato-e-rato, perseguições, muita ação, tiros, lutas bem coreografadas, seguindo o estilo da trilogia Bourne, sem grandes explosões e excessos, sem violência (tão) gratuita, sem feitos heróicos ou impossíveis para seres humanos treinados para sobreviver.

Em um dia de sábado de férias recém iniciadas, é diversão garantida, mas sugiro correr para ver no cinema; como sempre digo, filmes de ação são sempre melhores na telona.

Nota: 3 (de 5).

Guerreiro (Warrior, 2011).


Escrevendo no calor do momento: acabei de assistir Guerreiro (Warrior, 2011). Em uma palavra? Extraordinário!

Confesso que sempre gostei de artes marciais, mas nunca fui um grande entusiasta, pelo menos não o suficiente para acompanhar campeonatos ou assistir lutas em tempo real. Os filmes sempre me bastaram. Essa mania recente no Brasil, de transmissão de campeonatos de MMA - Mixed Martial Arts - como o UFC - Ultimate Fighting Championship - me atingiu e me peguei acompanhando resultados e tentando assistir algumas lutas, mesmo sem ter nenhuma assinatura de TV a cabo em casa.

Guerreiro é um filme indispensável para quem é fã de artes marciais e dos citados campeonatos. Eu mesmo me peguei torcendo em vários momentos pelos personagens principais e até gritando empolgado. Os vizinhos não devem ter gostado muito, mas e daí? Não sou eu que furo as paredes ou bato pregos fora dos horários permitidos...

Destaque para a atuação dos três atores principais:
1) Joel Edgerton interpreta Brendan Conlon, professor de colegial que, frente a dificuldades financeiras e a perda iminente da sua casa, resolve retornar à jaula como solução para os seus problemas;



2) Tom Hardy, cada vez melhor, é o irmão do primeiro, Tommy Riordan, ex-fuzileiro naval em busca de dinheiro para ajudar a viúva de um "irmão de guerra";



3) Nick Nolte, com o talento apurado pela idade e bem distante do Jack Cates de 48 Horas, é Paddy Conlon, pai dos dois outros protagonistas, atormentado por uma vida de pai ausente e alcóolatra, tentando resgatar algum senso de família e lutando para fazer parte da vida dos seus filhos novamente.



O filme é ágil, embora as 2h20min de filme possam assustar à primeira vista. O drama presente no filme é intercalado com cenas impactantes e bem construídas de lutas, sem recorrer ao exagero do sangue gratuito. As lutas são violentas, têm impacto e são empolgantes, sem precisarem recorrer a exageros, a resistências impossíveis e golpes mirabolantes; antes que você perceba, você se vê torcendo por eles, temeroso pelo resultado das lutas e surpreso com as reviravoltas das mesmas - não que sejam imprevisíveis, longe disso... mas o filme constrói o clima necessário para envolver o espectador.

Some-se a isso um bom elenco de apoio, uma história bem amarrada e pouca, mas bem aproveitada, trilha sonora e você terá diversão garantida. Destaque para "About Today", de The National, no final do filme. Não podia ter tocado em momento melhor.

Arrisco até a dizer que é filme para Oscar: a história de superação e a narrativa bem linear são típicas de filmes oscarizados.

Nota: 5 (de 5).

domingo, 11 de dezembro de 2011

O Preço do Amanhã (In Time, 2011).


Acabei de ver O Preço do Amanhã (In Time, 2011). O trailer do filme empolga, mas pra quem adora o cinema de gênero, como ficção científica, e ainda assim fica buscando algum realismo nos filmes, os primeiros dez a quinze minutos já decepcionam um bocado.

Por exemplo: pra mim não faz muito sentido os vinte e cinco anos serem o limite e o troca-troca de horas. Eu me peguei pensando algo do tipo "Certo, mas... o que exatamente são as horas? Energia pra bateria?". Explico: na história do filme, em um futuro distante (não vi especificações sobre o ano, mas em outras resenhas li que o ano era 2161) geneticistas conseguiram parar o envelhecimento dos seres humanos aos vinte e cinco anos. Por alguma razão inexplicada, ao atingir essa idade, ganham mais um ano de vida e a partir dali o relógio começa a decrescer e tudo - absolutamente tudo - passou a ser vendido em troca de tempo. Não há mais dinheiro, apenas tempo. Um café custa cinco minutos, uma passagem de ônibus, uma hora ou duas. A mudança entre zonas de tempo (algo como os bairros deles) custa de um a três meses, dependendo do bairro, e assim vai.

Isso gera uma série de questões interessantes: os criminosos não roubam mais dinheiro, roubam tempo; há uma polícia do tempo que fiscaliza as zonas de tempo e conseguem ver em um mapa a distribuição de tempo (como? O tempo emana algum tipo de radiação ou energia?); os bancos armazenam cápsulas do tempo, pequenos dispositivos nos quais se colocam o tempo que podem ser transferidos para as pessoas.

Por trás disso tudo há um enredo político justificando o aumento constante de juros e preços... "algumas pessoas têm que morrer para uns poucos continuarem vivendo", na velha analogia de explorados e exploradores, pobres e ricos. São coisas que tornam o filme interessante, mas eu ficava o tempo inteiro pensando: "ok, mas como é que eles conseguem 'ver' onde está o tempo e como isso faz o corpo funcionar?"

Alguns devem estar me achando um chato por ficar procurando realismo em filmes de ficção científica, mas alguns dos melhores estão mais calcados na realidade, têm um senso mais de pé no chão, de uma realidade plausível para o futuro. Ele não tem. O cara encosta o braço um no outro e, dependendo da posição, se por cima ou por baixo, ele ganha ou perde horas. Ele não aperta nenhum botão, nem pensa, ele só vira o braço. Fácil de roubar de outra pessoa, é só encostar o braço na posição certa. É um sensor? E o que é isso, afinal de contas? Funciona tipo energia? Eles funcionam como ciborgues, robôs ou algo do tipo? E que relógios tão precisos são esses, que não erram nunca?

Assisti o filme até o final só porque eu não gosto de parar pela metade e porque, no final das contas, ele até que é divertido, se você conseguir esquecer, por alguns momentos, a parte ilógica do filme.

De resto, tem bons efeitos, bom figurino, trilha sonora quase ausente, mas adequada ao filme. Os atores? Particularmente gosto muito de Cillian Murphy e Amanda Seyfried, são dois grandes talentos, infelizmente, desperdiçados no filme. Ele, um pouco menos do que ela, que só o faz papel da mocinha alheia ao mundo e que acaba simpatizando com o "bandido". Justin Timberlake, como o bandido que na verdade é o mocinho (mais um clichê...) está apenas ok. Lembro da sua atuação na Rede Social como o criador do Napster, no qual ele estava bem melhor. Ainda tem uma brevíssima participação de Johnny Galecki, o Leonard de The Big Bang Theory e a excelente adição, ao elenco coadjuvante, de Vincent Kartheiser, o Pete Campbell de Mad Men.

Nota: 2 (de 5).