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domingo, 18 de dezembro de 2011

Contra o Tempo (Source Code, 2011).


Soldado se submete a experimento militar para tentar entender o que aconteceu em um atentado terrorista, com o objetivo de evitar um atentado pior, a ser executado pela mesma pessoa. No experimento, ele revive os últimos oito minutos de vida de uma das pessoas mortas no atentado. Ele não pode alterar o que aconteceu, apenas entender o que se passou, reunir informações e repassá-la ao seu comando militar.

A história é basicamente essa. Como diversão, o filme é bom; tem ação, roteiro envolvente, cria um certo suspense até o espectador descobrir o que é que está rolando na história e tem boas atuações. Sou suspeito pra falar: sou fã de Jake Gyllenhaal (excelente ator, acompanho desde O Segredo de Brokeback Mountain, Donnie Darko, Soldado Desconhecido e o péssimo Príncipe da Pérsia) e de Michelle Monaghan (ela, mais pela beleza do que pela atuação, é fato).

Não vou repetir meus comentários de outro filme, a não ser o fato de que filmes de ficção científica bem feitos têm que possuir uma boa lógica interna e respeitar a sua própria lógica. Se ele estabelece os parâmetros que ele mesmo não segue sem uma razão plausível, o filme perde sua coerência. Na mesma crítica mencionada, o resultado, pra mim, é o mesmo: o filme é boa diversão, mas não empolga aos amantes da boa ficção científica. Vale para uma tarde despretensiosa em frente à televisão.

Nota: 3 (de 5).

No Limite da Mentira (The Debt, 2010).


"Filme de caçada nazista". Foi assim que eu ouvi falar pela primeira vez do filme. Alerto aqueles que, como eu, não se empolgaram com essa classificação generalista e já repetitiva, que o filme é muito mais do que isso.

Além de contar com um elenco estrelado em excelentes atuações, o filme tem um roteiro original (ou não, já que é o remake de um filme israelense...) e com umas poucas reviravoltas. É difícil falar da história do filme sem contar muito dele, mas vamos lá.

O filme conta a tal caçada nazista em dois momentos diferentes. O primeiro período, na década de 1960, mostra três agentes do Mossad infiltrando-se na Alemanha em busca de um médico acusado de conduzir experimentos em judeus durante a II Guerra Mundial.


O segundo período, pelo qual o filme inicia, se passa em 1997, quando a filha de dois daqueles agentes (vividos por Helen Mirren e Tom Wilkinson) está lançando um livro contando a história da caçada a Dieter Vogel, agora vivendo como "Doktor Bernhardt", o tal médico.


Daí segue a trama, envolvendo erros cometidos no passado e a tormenta vivida por David Peretz (Sam Worthington, nos anos 1960, Ciarán Hinds, em 1997), além do destino de Vogel (Jesper Christensen) o médico morto em um esforço heróico de Rachel Singer (Jessica Chastain e Helen Mirren, nos anos 1960 e 1997).


A trama é envolvente, inteligente e tem suspense na medida certa. O ritmo do filme, a fotografia e a trilha sonora estão bem adequadas ao filme, permitindo que o espectador "entre" no filme. A intriga sempre presente e a atuação dos personagens secundários também colaboram para o bom desenvolvimento da película.

Os pontos negativos? Ninguém me convence de que Sam Worthington é um bom ator e o filme, apesar dos aspectos inovadores em relação aos demais filmes do gênero, ainda deixa aquela sensação de que já vimos isso em algum lugar...

Nota: 4 (de 5).

sábado, 17 de dezembro de 2011

Os Especialistas (The Killer Elite, 2011).


Filme de ação com boa história, sem grandes surpresas e com os astros de ação atuais: Dominic Purcell, Clive Owen e o quase onipresente Jason Statham. Ah, e tem Robert De Niro... é que ele aparece tão pouco que não entendi muito bem a razão dele estar no pôster de divulgação do filme. Mas vamos a ele.

O filme se passa na década de 1980, como a legenda no início deixa claro. A crise econômica coloca o mundo em caos, abre espaço para equipes de operações secretas (ou especiais, para ser mais técnico), assassinatos seletivos e conspirações. Os personagens principais, os especialistas do título, são assassinos profissionais atuando sob contratos milionários. O filme começa mesmo quando um deles, Hunter (Robert De Niro), é capturado e Danny Brice (Jason Statham) resolve terminar o serviço para salvá-lo. O serviço envolve assassinar três ex-operativos da SAS, as forças especiais britânicas. No meio do caminho está Spike Logan (por que nos filmes esses caras sempre têm os nomes mais legais?), interpretado por Clive Owen, como um ex-SAS que trabalhar para uma organização secreta e não governamental, os Feathermen, que assumiu a responsabilidade de proteger ex-oficiais da SAS de vinganças e execuções.

O filme é basicamente isso: o velho jogo de gato-e-rato, perseguições, muita ação, tiros, lutas bem coreografadas, seguindo o estilo da trilogia Bourne, sem grandes explosões e excessos, sem violência (tão) gratuita, sem feitos heróicos ou impossíveis para seres humanos treinados para sobreviver.

Em um dia de sábado de férias recém iniciadas, é diversão garantida, mas sugiro correr para ver no cinema; como sempre digo, filmes de ação são sempre melhores na telona.

Nota: 3 (de 5).

Guerreiro (Warrior, 2011).


Escrevendo no calor do momento: acabei de assistir Guerreiro (Warrior, 2011). Em uma palavra? Extraordinário!

Confesso que sempre gostei de artes marciais, mas nunca fui um grande entusiasta, pelo menos não o suficiente para acompanhar campeonatos ou assistir lutas em tempo real. Os filmes sempre me bastaram. Essa mania recente no Brasil, de transmissão de campeonatos de MMA - Mixed Martial Arts - como o UFC - Ultimate Fighting Championship - me atingiu e me peguei acompanhando resultados e tentando assistir algumas lutas, mesmo sem ter nenhuma assinatura de TV a cabo em casa.

Guerreiro é um filme indispensável para quem é fã de artes marciais e dos citados campeonatos. Eu mesmo me peguei torcendo em vários momentos pelos personagens principais e até gritando empolgado. Os vizinhos não devem ter gostado muito, mas e daí? Não sou eu que furo as paredes ou bato pregos fora dos horários permitidos...

Destaque para a atuação dos três atores principais:
1) Joel Edgerton interpreta Brendan Conlon, professor de colegial que, frente a dificuldades financeiras e a perda iminente da sua casa, resolve retornar à jaula como solução para os seus problemas;



2) Tom Hardy, cada vez melhor, é o irmão do primeiro, Tommy Riordan, ex-fuzileiro naval em busca de dinheiro para ajudar a viúva de um "irmão de guerra";



3) Nick Nolte, com o talento apurado pela idade e bem distante do Jack Cates de 48 Horas, é Paddy Conlon, pai dos dois outros protagonistas, atormentado por uma vida de pai ausente e alcóolatra, tentando resgatar algum senso de família e lutando para fazer parte da vida dos seus filhos novamente.



O filme é ágil, embora as 2h20min de filme possam assustar à primeira vista. O drama presente no filme é intercalado com cenas impactantes e bem construídas de lutas, sem recorrer ao exagero do sangue gratuito. As lutas são violentas, têm impacto e são empolgantes, sem precisarem recorrer a exageros, a resistências impossíveis e golpes mirabolantes; antes que você perceba, você se vê torcendo por eles, temeroso pelo resultado das lutas e surpreso com as reviravoltas das mesmas - não que sejam imprevisíveis, longe disso... mas o filme constrói o clima necessário para envolver o espectador.

Some-se a isso um bom elenco de apoio, uma história bem amarrada e pouca, mas bem aproveitada, trilha sonora e você terá diversão garantida. Destaque para "About Today", de The National, no final do filme. Não podia ter tocado em momento melhor.

Arrisco até a dizer que é filme para Oscar: a história de superação e a narrativa bem linear são típicas de filmes oscarizados.

Nota: 5 (de 5).

domingo, 11 de dezembro de 2011

O Preço do Amanhã (In Time, 2011).


Acabei de ver O Preço do Amanhã (In Time, 2011). O trailer do filme empolga, mas pra quem adora o cinema de gênero, como ficção científica, e ainda assim fica buscando algum realismo nos filmes, os primeiros dez a quinze minutos já decepcionam um bocado.

Por exemplo: pra mim não faz muito sentido os vinte e cinco anos serem o limite e o troca-troca de horas. Eu me peguei pensando algo do tipo "Certo, mas... o que exatamente são as horas? Energia pra bateria?". Explico: na história do filme, em um futuro distante (não vi especificações sobre o ano, mas em outras resenhas li que o ano era 2161) geneticistas conseguiram parar o envelhecimento dos seres humanos aos vinte e cinco anos. Por alguma razão inexplicada, ao atingir essa idade, ganham mais um ano de vida e a partir dali o relógio começa a decrescer e tudo - absolutamente tudo - passou a ser vendido em troca de tempo. Não há mais dinheiro, apenas tempo. Um café custa cinco minutos, uma passagem de ônibus, uma hora ou duas. A mudança entre zonas de tempo (algo como os bairros deles) custa de um a três meses, dependendo do bairro, e assim vai.

Isso gera uma série de questões interessantes: os criminosos não roubam mais dinheiro, roubam tempo; há uma polícia do tempo que fiscaliza as zonas de tempo e conseguem ver em um mapa a distribuição de tempo (como? O tempo emana algum tipo de radiação ou energia?); os bancos armazenam cápsulas do tempo, pequenos dispositivos nos quais se colocam o tempo que podem ser transferidos para as pessoas.

Por trás disso tudo há um enredo político justificando o aumento constante de juros e preços... "algumas pessoas têm que morrer para uns poucos continuarem vivendo", na velha analogia de explorados e exploradores, pobres e ricos. São coisas que tornam o filme interessante, mas eu ficava o tempo inteiro pensando: "ok, mas como é que eles conseguem 'ver' onde está o tempo e como isso faz o corpo funcionar?"

Alguns devem estar me achando um chato por ficar procurando realismo em filmes de ficção científica, mas alguns dos melhores estão mais calcados na realidade, têm um senso mais de pé no chão, de uma realidade plausível para o futuro. Ele não tem. O cara encosta o braço um no outro e, dependendo da posição, se por cima ou por baixo, ele ganha ou perde horas. Ele não aperta nenhum botão, nem pensa, ele só vira o braço. Fácil de roubar de outra pessoa, é só encostar o braço na posição certa. É um sensor? E o que é isso, afinal de contas? Funciona tipo energia? Eles funcionam como ciborgues, robôs ou algo do tipo? E que relógios tão precisos são esses, que não erram nunca?

Assisti o filme até o final só porque eu não gosto de parar pela metade e porque, no final das contas, ele até que é divertido, se você conseguir esquecer, por alguns momentos, a parte ilógica do filme.

De resto, tem bons efeitos, bom figurino, trilha sonora quase ausente, mas adequada ao filme. Os atores? Particularmente gosto muito de Cillian Murphy e Amanda Seyfried, são dois grandes talentos, infelizmente, desperdiçados no filme. Ele, um pouco menos do que ela, que só o faz papel da mocinha alheia ao mundo e que acaba simpatizando com o "bandido". Justin Timberlake, como o bandido que na verdade é o mocinho (mais um clichê...) está apenas ok. Lembro da sua atuação na Rede Social como o criador do Napster, no qual ele estava bem melhor. Ainda tem uma brevíssima participação de Johnny Galecki, o Leonard de The Big Bang Theory e a excelente adição, ao elenco coadjuvante, de Vincent Kartheiser, o Pete Campbell de Mad Men.

Nota: 2 (de 5).

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

A Hora do Espanto (Fright Night, 2011).


Adoro filmes de vampiro. Quem já conversou comigo sobre cinema provavelmente sabe disso. Quem me conhece há mais de cinco anos, com certeza sabe. Fui daqueles que não perdia um filme de vampiro no cinema (fui? Acho que "sou" ainda soaria mais apropriado...), um seriado de vampiro, um livro de vampiro... desde que eles ainda morram com a luz do sol, em vez de "brilharem como diamantes".

Lembro das muitas Sessões da Tarde na Globo, com filmes repetidos à exaustão, na época que podia me dar ao luxo de vê-los, sem compromissos nem contas a pagar. Quatro filmes daquela época sempre me vêm à memória quando penso naqueles anos tranquilos: Os Goonies, A Casa do Espanto, Deu a Louca nos Monstros e A Hora do Espanto.

No ano passado, quando soube que estavam filmando um remake d'A Hora do Espanto, fiquei surpreso, porque não achava que era um filme assim tão conhecido a ponto de merecer uma refilmagem; fiquei feliz, porque era louco pelo filme; e fiquei empolgado porque era com Colin Farrell, um ator que nem é lá tão bom assim, mas é carismático e sabe atuar bem como maluco, desajustado ou alguma outra coisa fora do normal. E ele ia ser o Jerry, o vampiro do filme.


Depois de ver o primeiro trailer, então, só mais empolgação: bons atores, clima de filme de vampiro de verdade e bons efeitos especiais. E eis que finalmente o filme estreou e... eu não consegui vê-lo no cinema.

Pois bem, depois de esperar ansiosamente por ele, finalmente consegui vê-lo e devo dizer que não me decepcionei nem um pouco. Em tempos de filmes de vampiros "bonzinhos, sensíveis e nobres", como se referem desdenhosamente, em um momento do filme, à família Cullen, A Hora do Espanto é um alívio para os apreciadores dos vampiros clássicos de filmes de terror - e dos que nem são tão terror assim... O próprio A Hora do Espanto original não era um filme de terror. Era uma aventura adolescente, com muitos momentos de alívio cômico, como eram boa parte dos filmes da década de 1980, pelo menos dos que passavam incessantemente na Sessão da Tarde.

A nova versão tem vários méritos: presta homenagens à versão original, com citações e cenas que são claramente um tributo às lendas do vampiro e ao filme original; tem excelentes atuações, com Anton Yelchin no papel de Charlie Brewster (é o terceiro filme, coincidentemente, que vejo essa semana com ele - os outros foram Star Trek e Um Novo Despertar), David Tennant como Peter Vincent, o "caçador de vampiros" vivido no original por Roddy McDowall, a linda Imogen Poots no papel de Amy e o sempre fantástico Christopher Mintz-Plasse como o amigo nerd de Charlie, Ed; tem bons efeitos especiais, nada de extraordinário; tem o climão de suspense, não de terror, nem de pastelão; o filme desvia um pouco do original, não sendo aqueles remakes adaptados ipsis literis do original, como Psicose, mas sem desvirtuar muito o roteiro original.


Não tem apenas méritos, entretanto: os efeitos nem sempre são bons, o filme é curto, com pouco mais de uma hora e meia e tem Colin Farrell como Jerry. Eu sei, lá em cima disse que me empolguei com ele e me empolguei mesmo: ele é bom em filmes de ação. Como todo filme de ação, por outro lado, não são necessárias grandes atuações... não é como se ele estivesse buscando um Oscar, afinal de contas. O problema é que a atuação sempre mecânica, de caras e franzidos de testa, quase total ausência de expressões faciais, entre outros problemas, acaba cansando um pouco. Alguém pode ler e pensar: ele é um vampiro clássico, um monstro, não aqueles vampiros de Anne Rice, sofridos, cheio de conflitos interiores. Eu sei e concordo, mas não consigo deixar de lembrar que é o mesmo Colin Farrell de todos os outros filmes, fosse ele um policial (SWAT: Comando Especial, 2003), um executivo (Por um Fio, 2002) ou um assassino psicótico (Demolidor: O Homem Sem Medo, 2003).

De qualquer forma, é um bom filme para quem gosta de filmes de vampiro de verdade e uma boa pedida para um fim de noite de domingo com pipoca light e coca-cola zero, depois de trabalhar boa parte do fim de semana.

Nota: 3 (de 5).

domingo, 27 de novembro de 2011

Um Novo Despertar (The Beaver, 2011)


A história de um homem em profunda depressão que, após tentar se matar, desenvolve uma segunda personalidade, manifesta em um fantoche de castor constantemente presa em sua mão. A partir daí ele começa a reconstruir a sua vida, tentando se aproximar da família e retomar o rumo da sua empresa.

Claro, o filme não é só isso, senão eu teria contado tudo nessas poucas linhas. O drama do filme, entretanto, gira em torno da família tentando lidar com a situação, à medida que o protagonista procura se reaproximar da família após anos de intensa apatia e inação. Paralelamente, vemos o filho mais velho tentando fugir do legado do pai, ao mesmo tempo que lida com seus próprios problemas amorosos e escolares.

No elenco estrelado, três atores fantásticos: Jodie Foster (que também dirige o filme), Mel Gibson (depois de um tempo afastado das telonas, reflexo das polêmicas nas quais ele costuma se envolver...) e Anton Yelchin, jovem ator que vem se destacando cada vez mais, como o Chekov do novo Star Trek e Bobby Garfield em Lembranças de Um Verão (Hearts in Atlantis, 2001).

O filme é comovente, curto (em torno de uma hora e vinte minutos) e intenso. Não é nada mais que a história de uma família comum assolada por problemas... comuns. A depressão é um mal cada vez mais presente e embora o filme não o trate como bobagem, também não o discutiu de forma apropriada. Para aqueles que pensam que cinema é apenas diversão, tudo bem; para aqueles que acham que o cinema pode contribuir para o enriquecimento pessoal, acredito que ele perdeu uma excelente oportunidade de discutir mais a sério uma doença tão grave e, por vezes, tão menosprezada.

A solução dada ao final do filme parece tentar resgatar um pouco dessa consciência social e mostrar o perigo de uma doença não tratada da forma adequada. O problema é que isso é feito de forma tão sutil que olhos e ouvidos menos atentos (ou apenas preocupados com o fator 'diversão') vão passar batidos disso.

Nota: 4 (de 5).

sábado, 26 de novembro de 2011

Super 8 (idem, 2011).


Uma mistura de Goonies com ET, mas devidamente modernizada, ainda que passada em algum lugar pelo final dos anos 1970 e início dos 1980...

Eu não consigo encontrar melhores palavras para descrever o filme. A sensação, enquanto via o filme, foi de retornar à minha infância de filmes de Sessão da Tarde, com crianças envolvidas em alguma aventura extraordinária em uma cidadezinha onde nada é mais do que ordinário... Até o nome da cidade, Lillian, tem cara daqueles nomes de cidades interioranas esquecidas no mapa - se estiverem no mapa...

A história é bem construída, o suspense mantido durante mais da metade do filme e demora bastante a mostrar o alienígena. Aliás, pra quem vê esses filmes habitualmente, não é segredo nenhum que é uma alienígena, então nada de spoilers por aqui... O quê? Você não sabia até a metade? Sério? Com um trem da Força Aérea, algo esquisito saindo de um vagão, não visto por tomadas inteligentes ocultando o bicho nas sombras, fumaça e escombros? Ah, fala sério...

É disso que o filme trata: crianças envolvidas em um acontecimento fantástico, em uma cidadezinha no meio do nada. Basicamente.

O filme tem espaço para desenvolvimento dos personagens, sem tornar esse desenvolvimento algo maçante nem politicamente correto. É ágil, instigante e as excelentes atuações do elenco mirim contribuem muito para a diversão do filme e até um momento emocionante próximo ao final.

A modernização fica por conta da abordagem: diferente dos filmes no mesmo estilo lá atrás da década de 1980, nesse nós vemos sangue, pessoas morrem e há muita destruição. Mas isso não é o mote do filme, não acontece de forma tão explícita e não vamos tripas voando ou algo similar, portanto, aos de estômago mais sensível, não se preocupem, podem ver o filme sem medo. Essa opção acaba dando um tom mais realista ao filme. No mundo real, se algo assim acontecesse, pessoas morreriam, acidentalmente ou não. Muitas. Na minha opinião, o filme dosou bem esse aspecto.

Não foi o único aspecto no qual J.J. Abrams acertou na dosagem. Ele também apostou certo em não exagerar no humor, como é típico de filmes nos quais os protagonistas são todos crianças, além de não ter feito desse humor algo no estilo "pastelão". O humor no filme é situacional e mostra um grupo de crianças que parecem realmente entrosadas umas com as outras: as piadas fluem naturalmente, sem tirar o interesse pelo filme nem desviar a atenção da história.

Numa escala de 1 a 5, meu voto seria por um 4.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Horácio's Bistrô, em Caruaru - PE.


Pessoal que anda por Caruaru ou que vai estar por lá na Semana Santa: na última semana tive a oportunidade de conhecer este excelente restaurante. Tinha visto estas mesmas fotos no Facebook por intermédio de um amigo e me interessei em conhecer. Estive lá com meu primo, Fred Barbieri, e foi tudo impecável: atendimento, entrada, indicação e temperatura do vinho, e os pratos. Além disso, o ambiente é aconchegante e agradável como parece... tem até um lounge ao fundo para quem procura um lugar mais descontraído para petiscar e tomar uns drinques.








No meu prato, o filé estava no ponto e tempero corretos, com um molho saboroso, acompanhado de linguini e um purê com blend de queijos. Uma delícia. O primo foi de Crepe Nordestino e seus elogios não ficaram atrás dos meus. Não fomos de sobremesa porque estávamos satisfeitíssimos, então nem olhamos a carta ao final. Ao pedirmos a conta, outra surpresa e ponto positivo: os preços foram bem modestos, considerando a qualidade oferecida.





Ponto para Rachel Florencio e Fábio, que mesmo antes de me reconhecerem foram extremamente atenciosos conosco e com a clientela presente. Recomendadíssimo!

domingo, 17 de abril de 2011

A importância dos amigos, ou "o que eu fui fazer em Piracicaba".

Perguntaram-me mais de uma vez: "o que danado tu fosse fazer em Piracicaba? Num é no interior de São Paulo, né?". Eu explico, em uma palavra: amigos.

Um casal de amigos mora lá há uns três anos ou mais e eu ainda não os tinha visitado. Mas não são quaisquer amigos... são dos melhores que você pode encontrar por aí. E ainda bem que nos encontramos. Ela, conheço há quase dez anos. Ele, há uns cinco. Só que parece que nos conhecemos há vinte.

Fomos lá, eu e a namorada, aproveitando a viagem para o show de U2, passar uns dias com eles. Foram nos buscar no aeroporto e de lá direto para o Maravilhoso, um barzinho agradável pra caramba, cujas cadeiras ficam do outro lado da rua, embaixo de umas árvores em uma região bem arborizada e com um clima tão ameno que me deu vontade de morar lá.

Colocamos o papo em dia, as novidades, as omissões, as saudades... tudo isso complementado ainda por muito chopp, pelos pais dela e seus amigos, pessoas também muito amáveis. Arrisco dizer que, dos meus amigos, esses pais são aqueles por quem nutro mais carinho.










No dia seguinte teve café da manhã na Assagio, uma padaria do tipo que faz falta aqui em Recife: muitas comidinhas gostosas, mesas na calçada e um clima gostoso de fim de tarde ainda às onze horas da manhã. Comi um "crespinho", massa de milho recheada de queijo mussarela e catupiry, frita, a namorada comeu uma coxinha e uma empada e depois comemos ovos mexidos e beeem carregados: presunto, pimentão, cebola e mais queijo. Pra completar, cappuccino e suco de laranja.



Depois do café da manhã, um breve city tour, com o qual São Pedro não colaborou muito, e farrinha na casa dos pais da amiga. A farrinha foi um capítulo à parte. A dona da casa é a pessoa que eu conheço que mais merece receber o título de "anfitriã". Ela o faz com gosto, refino e delicadeza ímpares. O marido não fica atrás e normalmente cuida da parte hilariante: as piadas, as curiosidades - e as bebidas. Começamos pela cerveja, acompanhada de salsicha frita na cebola e charque desfiada. Migramos para o vinho tinto, depois para o vinho branco... até o almoço, quando retornamos ao tinto.

E o almoço, ah... o almoço. Um frango super recheado e um cordeiro ao forno. Divinos. Não consigo descrever de outra forma e não vou me preocupar em citar os acompanhamentos e recheios: a imagem vale muito mais do que as minhas palavras. Infelizmente, só tem a foto do frango...

Sushi Gohan
Divina: morangos e creme de chocolate
branco intercalados com massa folhada
 

Nos dias seguintes, fomos almoçar o famoso Filhote e o cuscuz paulista, na beira do rio, excelentes. À noite, fomos comer sushi em um lugar legal, mas nada de impressionante, chamado Gohan e no outro dia voltamos à Assagio para provar a famigerada Torta dos Deuses.






E almoçamos no restaurante do corpo docente do campus da USP em Piracicaba, no prédio, acho, de Engenharia. Depois, infelizmente, tivemos que ir embora. Foram apenas três dias, mas foram maravilhosos. Culpa da companhia. Clara e Roger: voltaremos logo, logo... ou vamos nos encontrar em Manaus?

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Ainda sobre Jason Mraz.

Duas informações importantes: quem cantou "Lucky" com Jason foi Tristan Prettyman, noiva de Jason e também cantora. Li no Cultbox. Lá também confirmei informação de uma amiga: a música com a qual Jason abriu o show, cantada em português compreensível, foi "Tudo que você podia ser", de Milton Nascimento.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Jason Mraz no Recife.

Não sou fã incondicional de Jason Mraz, embora goste muito. Não sei as letras de cor... talvez uma ou duas músicas, apesar de reconhecer várias delas. Mas sou da filosofia de que show internacional no Recife é (era) uma raridade e, por mais que isso esteja mudando, como é um processo novo por aqui não acredito que a repetição de bandas e cantores será comum. Daí que eu faço o máximo para não perder um show desses por esses lados. Queria ir para Cyndi Lauper, mas falta dinheiro. Se esse último estivesse sobrando, acho que iria até para Backstreet Boys. Mas vem o show de U2 em alguns meses e, como nunca me perdoei por ter perdido o último que teve em terras paulistas, havia decidido que não perderia outro por nada nesse mundo. Mesmo com o ingresso custando os olhos da cara, ainda tendo que gastar com passagem e estadia. Mas voltemos a Jason.

Os portões abriram às 18h (era o que estava no ingresso - quando cheguei lá, às 18:30h, já estavam abertos) e um pouco antes das 19h começou a tocar uma "bandinha" aí (as aspas são uma piada interna): Nós4. O show deles foi, como sempre, animado, dentro dos limites do que um show deles pode ser animado. Destaque para o repertório, sempre excelente, apesar de manter boa parte das músicas no setlist aqui e ali.



Depois que o show acabou, esperamos quase uma hora para Jason começar. Mas quando começou, arrasou demais. Tá, ele cantou umas músicas nova que eu (e metade das pessoas no frontstage...) não conheciam, mas ele é o cara. A capacidade dele "brincar" com a voz é impressionante. De sons graves a agudos em milissegundos, sem falhar uma única vez. E ele sabe encantar a plateia.



Feliz ficou Sofia, a menina lá que ele escolheu da plateia e mandou subir no palco, com quem ele dançou, brincou e abraçou por uns minutos. Acho que ela vai passar a semana sem dormir lembrando disso.

Uma surpresa: um barco (um iate? sou péssimo com essas coisas...) ancorado lá no clube estava cheio de gente animada, fazendo festa e vendo tudo de perto. Em um dado momento, os três integrantes da banda de J.Mraz que tocam instrumentos de sopro se deslocaram até lá e os holofotes apontaram para o barco enquanto eles faziam uma breve performance.

Senti falta de apenas uma música: "Details in the fabric", que acho linda. Para mim, como qualquer outro lá que gosta e não conhece tanto, o ponto alto do show foi quando ele retornou para o bis e cantou as duas músicas que eu sabia cantar por inteiro: "Lucky" e "I'm yours". Detalhe: em "Lucky", no álbum, ele canta com Colbie Caillat, no show ele canta com alguém lá que ouvi dizer que era a irmã dele, mas segundo fontes confiáveis, era a esposa. Não interessa, enfim: foi fantástico e eu estava lá, a poucos metros do palco.



O show foi isso: excelentes músicas, excelente performance; algumas pequenas e boas surpresas e uma experiência única. Tudo isso aliado a uma organização excelente do clube e da Raio Lazer, que tem trazido uma boa quantidade de shows internacionais pra cá com sucesso. Ponto pra eles.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Energia.

Ontem à noite, por volta das 23:30h fui pego de surpresa pela falta de energia. Havia chegado há pouco em casa, me preparava para dormir, estava apenas finalizando umas questões na net, checando o Twitter, o Facebook e o e-mail (sim, eu sou rato de Internet...), quando o ventilador aqui começou a fraquejar, a luz oscilar e a escuridão seguida do estouro.

As cada vez mais raras quedas de energia na cidade (em meu bairro, pelo menos) não me fizeram sempre achar que é uma situação tão atípica. A queda de energia em si, não me parece absurda. O que me assustou foi olhar pela janela e não ver nenhum ponto de luz em lugar algum, até onde minha vista alcança, aqui do apartamento (moro em um apartamento no início de Casa Amarela, no 12° andar. Dele vejo boa parte de Casa Amarela, Rosarinho, Encruzilhada, Arruda e adjacências), exceto pelos faróis de veiculos que ainda trafegavam e pela placa de um motel próximo, escandalosamente colorida.

Mantive-me no computador (santo laptop e sua bateria recarregável!), conectei-me à Internet com meu mini-modem e fui em busca de informações. Twitter, Facebook, JC Online, Globo.com. Nos primeiros minutos, só o Twitter avisava alguma coisa: a falta de energia alcançava Boa Viagem, Aflitos, Espinheiro, Piedade, Campo Grande a Boa Vista. Pouco depois, Bairro Novo, em Olinda, e Bultrins. E um Twitter que costumava avisar sobre as famosas blitzes do bafômetro e agora dá notícias gerais sobre trânsito começou a noticiar a falta de energia no Grande Recife inteiro.

Aí sim, comecei a ficar surpreso. Lembrei de um dia no ano passado no qual, durante várias horas, tudo caiu: energia, Internet, telefones móveis e fixos. Aquilo, sim, pra mim foi o fim da picada. Sem contato com o mundo, parecia isolado em meu apartamento. Agora era só a energia. Até a TIM começar a falhar e meu celular não conectar no 3G nem conseguir fazer ou receber ligações. Pra piorar, uma prima twittou que também faltava energia em Limoeiro, no interior do estado. Não era mais só no Grande Recife, mas a falta de energia se alastrava pelo interior do estado. Pior ainda: sem vento, sem ventilador e sem condicionador de ar, o inferno estava instaurado.

O sono foi embora e a curiosidade aumentou com o Twitter: começaram relatos de queda de energia na Paraíba, no Rio Grande do Norte, no Ceará, em Sergipe... até em partes do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais. Só podia ser o fim do mundo. A mim, só restava suar e gastar o resto da bateria do laptop (e, como ia perceber logo mais, do celular...) lendo e repassando novas informações sobre a queda de energia que, segundo saberia por um amigo que trabalha na Celpe, não era culpa desta, mas da Chesf. Problemas de geração de energia não ocorrem na Celpe, que é concessionária, mas na Chesf, que é geradora de energia para a região.

Quando as baterias acabaram não me restava mais nada. Deitei e tentei pensar em coisas leves, pra esquecer o tempo, enganar o calor e dormir. As coisas leves não vieram, porque me peguei pensando no quanto nos tornamos dependentes da energia elétrica, do celular e da Internet. Mas o sono chegou, com esses pensamentos entediantes àquela hora da madrugada. Lá pra 01:30h, a energia voltou, duas horas depois dela ter caído. Os apitos dos eletrodomésticos que esqueci ligados na tomada, as luzes que esqueci acesas e as luzes do prédio quase colado ao meu acendendo em cima do meu rosto me despertaram e o sono foi embora de vez, só voltando quase às 5h.

O melhor foi quando acordei, zumbi, e li uma notícia da Folha de São Paulo, na qual o nosso Ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, disse, em suas palavras, que "Não houve um apagão, houve uma interrupção temporária de energia".

Ah, mas vá pro raio que o parta! (não, eu não uso essa expressão no meu dia a dia, mas os palavrões são sempre deselegantes, apesar de insubstituíveis em alguns momentos...)