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domingo, 11 de dezembro de 2011

O Preço do Amanhã (In Time, 2011).


Acabei de ver O Preço do Amanhã (In Time, 2011). O trailer do filme empolga, mas pra quem adora o cinema de gênero, como ficção científica, e ainda assim fica buscando algum realismo nos filmes, os primeiros dez a quinze minutos já decepcionam um bocado.

Por exemplo: pra mim não faz muito sentido os vinte e cinco anos serem o limite e o troca-troca de horas. Eu me peguei pensando algo do tipo "Certo, mas... o que exatamente são as horas? Energia pra bateria?". Explico: na história do filme, em um futuro distante (não vi especificações sobre o ano, mas em outras resenhas li que o ano era 2161) geneticistas conseguiram parar o envelhecimento dos seres humanos aos vinte e cinco anos. Por alguma razão inexplicada, ao atingir essa idade, ganham mais um ano de vida e a partir dali o relógio começa a decrescer e tudo - absolutamente tudo - passou a ser vendido em troca de tempo. Não há mais dinheiro, apenas tempo. Um café custa cinco minutos, uma passagem de ônibus, uma hora ou duas. A mudança entre zonas de tempo (algo como os bairros deles) custa de um a três meses, dependendo do bairro, e assim vai.

Isso gera uma série de questões interessantes: os criminosos não roubam mais dinheiro, roubam tempo; há uma polícia do tempo que fiscaliza as zonas de tempo e conseguem ver em um mapa a distribuição de tempo (como? O tempo emana algum tipo de radiação ou energia?); os bancos armazenam cápsulas do tempo, pequenos dispositivos nos quais se colocam o tempo que podem ser transferidos para as pessoas.

Por trás disso tudo há um enredo político justificando o aumento constante de juros e preços... "algumas pessoas têm que morrer para uns poucos continuarem vivendo", na velha analogia de explorados e exploradores, pobres e ricos. São coisas que tornam o filme interessante, mas eu ficava o tempo inteiro pensando: "ok, mas como é que eles conseguem 'ver' onde está o tempo e como isso faz o corpo funcionar?"

Alguns devem estar me achando um chato por ficar procurando realismo em filmes de ficção científica, mas alguns dos melhores estão mais calcados na realidade, têm um senso mais de pé no chão, de uma realidade plausível para o futuro. Ele não tem. O cara encosta o braço um no outro e, dependendo da posição, se por cima ou por baixo, ele ganha ou perde horas. Ele não aperta nenhum botão, nem pensa, ele só vira o braço. Fácil de roubar de outra pessoa, é só encostar o braço na posição certa. É um sensor? E o que é isso, afinal de contas? Funciona tipo energia? Eles funcionam como ciborgues, robôs ou algo do tipo? E que relógios tão precisos são esses, que não erram nunca?

Assisti o filme até o final só porque eu não gosto de parar pela metade e porque, no final das contas, ele até que é divertido, se você conseguir esquecer, por alguns momentos, a parte ilógica do filme.

De resto, tem bons efeitos, bom figurino, trilha sonora quase ausente, mas adequada ao filme. Os atores? Particularmente gosto muito de Cillian Murphy e Amanda Seyfried, são dois grandes talentos, infelizmente, desperdiçados no filme. Ele, um pouco menos do que ela, que só o faz papel da mocinha alheia ao mundo e que acaba simpatizando com o "bandido". Justin Timberlake, como o bandido que na verdade é o mocinho (mais um clichê...) está apenas ok. Lembro da sua atuação na Rede Social como o criador do Napster, no qual ele estava bem melhor. Ainda tem uma brevíssima participação de Johnny Galecki, o Leonard de The Big Bang Theory e a excelente adição, ao elenco coadjuvante, de Vincent Kartheiser, o Pete Campbell de Mad Men.

Nota: 2 (de 5).

Um comentário:

  1. Bom saber disso, porque ai nem assisto. Já fico perdida em filmes bons de ficção, imagina nesses...

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